16.8.06

Homenagem a meu irmão Sergio


A CRUZ DE CRISTO

Poema: Francisco Sergio Arraes Moreira


Essa cruz que eu carrego nos ombros largos,
É apenas um pedaço da cruz de Cristo.
Todos os homens carregam nos ombros
Um pedaço mínimo da cruz de Cristo


Um pedaço mínimo da Cruz de Cristo, e eu me ponho em desespero, num total abandono de mim mesma. Todos irão carregar algo, com o fim de participar do maior sacrifício que se tem notícia. Gesto de amor, renúncia total. Nosso salvador derramou a última gota de sangue por nós e o fez de maneira especial por cada um. Não é algo impessoal, mas preocupação individual, amor completo e marcante, que grava nossa alma de forma indelével.

Eu não poderei chegar à grande Morada,
Com meus ombros leves e sem castigo,
Como se fossem duas penas de pássaros
Mortos num despertar de primavera.

Meu coração pede uma eterna alegria, prazeres que não são inerentes às necessidades da alma. Às vezes eles passam, sem nem mesmo nos trazer felicidade momentânea. Ombros leves que não poderão sustentar um irmão em carência. Corpo sem sustentação que almejamos por total limitação. Não sabemos pedir, pedimos mal. E foram tantos os momentos, em que agradeci a Deus, não ter me concedido aquilo que um dia Lhe implorei. Ombros leves, mal conseguem se manter erguidos.

Para poder chegar às portas da Morada,
Tenho que ferir minha carne nos espinhos,
E sentir pesar em cima dos ombros
O pedaço que me cabe na cruz de Cristo.

Diante de meu Criador... Um dia estarei, diante da grande face de Luz. Que terei eu a apresentar? Esconder-me? É difícil pensar neste momento, mas urge que o façamos. Momento primordial de toda nossa vida, quando sabemos, que tudo o que tivermos feito de bom, será pouco diante da grande misericórdia divina. Saber-me participante do projeto de Deus, conhecer seus caminhos, tomar posse de seu Amor.

Para poder olhar de frente a face de Deus
É preciso que eu sofra muitas vezes ainda,
Que eu colha males pelo bem que fiz,
E sem revolta possa chorar muito mais...

Vem o pranto sentido, conseqüência da dor que castiga a carne, tortura a alma. Mas nada disto é muito, quando se constitui caminho para o Pai de Amor. Colho os espinhos das rosas que Deus me oferta. Para tocá-las machuco as mãos. Estes espinhos doem em contato com a pele. Mas o perfume inebriante que me envolve no toque com estas flores... Perfume divino

Eu semeio lágrimas no chão da vida,
E estas lágrimas que semeio todos os dias,
Me ofertarão ventura algum dia,
Porque são pedaços da cruz de Cristo.

Que lágrimas não secarão? O chão se torna fecundo, rico dos nutrientes que suga de minha dor. Cresce então a minha fé, cresce a vontade de me ver, face a face, com Cristo. Participo de Seu sacrifício, entro em comunhão com Ele. Chego a não saber quem sou eu, pois a vida de Cristo me coloca diante do amor infinito, da alegria do encontro, da certeza de sua presença.

Bendito o pranto que põe meus olhos fundos,
Molhando meus olhos de lágrimas!
Bendita a saudade que às vezes consome
Tantas horas, dentro de minha vida!

Meu irmão foi bom caminhar com você, por este poema, sentir a importância de nossas experiências. Posso perceber o salgado das lágrimas, o amargo da saudade. É estranho, você se foi numa manhã de fevereiro... Acho que não pude lhe dizer do que via em sua alma. Talvez não pudesse nem mesmo ver o que estava tão claro. Mas hoje você está aí, diante de Deus, num merecido encontro, desfrutando da misericórdia do Criador. E depois que você partiu, pude caminhar por entre sentimentos, sua fé sempre tão viva, tudo possibilitado pela sua arte de escrever emoção. E isto me permitiu chegar até você, e por seu intermédio, até Deus.
Gostaria de fazer mais, por mim, pelo mundo, por todos. Mas esbarro em minhas limitações e nas dos outros também. E fico inerte, vendo o tempo passar, derramando lágrimas, desejando modificar, retroceder, transformar minha história, ser mais próxima do projeto de Deus. Mas acho que tudo isto, você conseguiu.
Meu coração é todo, saudades. Saudades daquilo que não vivi, saudades do que poderia viver e ainda assim, com total consciência, não consigo viver. Saudades, meu irmão, de você, muitas saudades.
Com Amor
Sua irmã Cristina

3 comentários:

  1. Anônimo4/2/08

    legal !!!tbm amo meu irmão!!o nome dele é nathan!!!
    tchau

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  2. Anônimo22/12/08

    gostei, eu tb tenho um irmao e eu o ADORO é uma das pessoas mais especiais da minha vida e ele se chama anderson


    eu adoro o meu mano!.!

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  3. Anônimo1/2/09

    Cristina meu nome é Alessandra, e eu tbem perdi meu irmão em um acidente, e sei ezatamente o que vc senti, a saudade é grande...
    á se pudéssemos mudar o passado...
    mas podemos mudar o futuro, que possamos a cada dia amar mais, como se fóssemos morrer daqui a pouco...

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