30.5.09

30 de maio



30 de maio... Jamais poderia deixar de escrever neste dia. Lembrar minha mãe, que não sai de meu pensamento, que não sai do meu coração. É como um cordão, um fio de ouro, do mais puro e resistente, que me liga a você, minha mãe!

Não desejo aqui, fazer uma postagem mórbida e nem deixar que meu vazio se alastre a outros corações. Ao contrário, quero cantar o amor, a saudade que me faz reviver uma relação inigualável.

Quero lembrar, jamais esquecer. Quero sonhar com você e poder assim ter contato, alma com alma, numa simbiose que só existe no amor entre mãe e filha.

Quero recordar fatos, os mais simples porque são aqueles que mais marcam e mais nos transformam.

Minha mãe, quero lembrar, a lembrança mais remota, vamos lá:

Você, os cabelos muito negros e muito compridos, eu penteando, não como um trato mas como um carinho, uma forma de dizer: eu te amo!

Lembra quando descobri que não existia Papai Noel? Eu lhe perguntei e você respondeu: O que você acha, minha filha? Entendi naquele momento que ele não existia, não como pessoa, mas como um espírito que paira entre as crianças inocentes e entre os pais desejosos de fazer de nossa vida, uma dádiva.

Os passeios por Copacabana, os lanches partilhados, a velha casa que me remete aos primeiros anos de minha vida. O apartamento, depois, onde vivi toda minha adolescência e minha juventude. Cada canto daquele é marcado, gravado, revivido. Posso tocar, fechar meus olhos e entrar em cada cômodo e lhe ver, transitando e cuidando de cada um de nós.

Um dia, já em minha casa, resolvi arrumar meus cds. Você estava aqui e como conversamos, sobre cada música, sobre os gostos de cada pessoa de nossa família! Chego a tocar em suas mãos, trocando cds e comentários.

A carne de sol... que me enche o paladar neste momento.... O picadinho, que só você sabia fazer... Você nem gostava muito de cozinha, ficava meio zangada quando tinha que assumir o preparo das refeições.... Mas que saía bom, isto saía! Nesse ponto, acho que puxei a você, risos... Também não sou muito chegada.... Ah, não poderia esquecer o doce de banana em rodelas, nunca mais comi!

E as lojas que visitávamos, sem cessar? Como era bom aquele passeio. Fica aqui um gosto das saudade.Depois vieram os shoppings e não posso entrar num, sem lembrar de você, sem sentir um vazio. É como se eles tivessem perdido o brilho, uma luz que se apagou, mas que está acesa em meu coração.

E como nem tudo são flores, houveram muitas discussões, não poderia ser de outra forma, num relacionamento entre pessoas. Até disso, sinto saudade! Porque tinha a certeza de um amor, às vezes até meio incompreendido, em certos momentos, mas que nunca faltou.

Quando comecei a escrever e lia meus textos, às vezes até por telefone e você pacientemente me ouvindo, me apoiando, me incentivando. Sentia o orgulho em sua voz, aquele mesmo que sentiu quando entrei para a faculdade, quando comecei a trabalhar... Lembro que uma vez, tentei aprender a costurar. Foi um fiasco! E você dizia para mim: "Impossível você não aprender, você aprendeu estatística!"

Quando ficava triste e chorava, você dizia;"Chore não, minha filha". Hoje esta frase, com a mesma ternura me consola nos momentos de maior tristeza e de que necessito de um ombro para me aconchegar.

Aquele período que você passou comigo, aqui em casa.... Como era bom chegar e lhe encontrar na cadeira de balanço! Aquele canto tem sua marca, sua presença até hoje.

Mas você se foi, deixando-me num mundo que não mais tem sua presença. Ou será que tem? Será que você está por aqui, me ouvindo, me entendendo?

Por fim, mãe, rezo uma prece a Deus, para que sempre lhe dê Sua proteção e Sua presença. Que você esteja feliz e que de onde você está, fale para mim: "Chore não minha filha."

Beijos mamãe, saudades, muitas saudades!!!

Sua filha Cristina.

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